Soneto do Amor Turvo

30/12/2013 21:13

Soneto do amor turvo

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

Camões

Ah, per que temos que amar nesta vida

Per que é tão difícil viver sem esse amor

Se tudo que queremos é exaurir a dor

De a vida preterir à vetusta ferida.

 

Quem me livrará desta grande berlinda

Se prisioneiro fiz-me deste grande ardor

Que me fez argonauta de um estupor

Fez-se do meandro aforista, a lida.

 

Mas, como eu atinarei tal sentimento

Que traz dor ao coração com alegria

E fere-nos com nosso consentimento.

 

Ah, binômio idílio da elegia

Transvertido no fugaz contentamento

Tese e antítese da velha poesia.

 

Leandro Yossef (XXVII/XII/MMXIII)